___ O que há de tão grave que os traz a mim? - disse ao mesmo tempo em que os segurava pelas mãos.
___ Temos algo muito sério a resolver. - disse Eduardo aflito.
___ A inveja de uma contra a ganância de outra. Um amor de amigas que se consideravam irmãs, separadas por pensamentos confusos e sem fundamentos. Não havia provas sobre o assassinato. A inveja é cruel, capaz de destruir os corações dos bons homens, capaz de destruir amizades sinceras. O dinheiro é de outro mundo, a ganância cega, mata. A ganância quer sempre mais, quanto mais tem, mais ela deseja querer.
Ao dizer isso, Madame Sofia parecia concentrar-se mais a cada instante, sua cabeça parecia doer pelos seus leves movimentos, cada palavra era dita aos sussurros:
___ A inveja e a ganância são forças muito poderosas, no entanto são forças bem menores que o Amor. O Amor salva, cura qualquer ferida aberta nos corações. O Amor que as esposas de vocês têm uma com a outra é vivo ainda, entre o ódio e o coração, o sentimento permanece. Brigam com vontade de abraçarem-se e acariciarem o rosto uma da outra. Mas, nenhuma das duas vem a ser a culpada do assassinato da morte do pai de Jéssica. O que aconteceu naquela noite foi simples, rápido e ligeiro: enquanto o pai ia fazer a visita noturna ao quarto de Jéssica, seu irmão levantou-se de seu repouso, pegou um revólver e simplesmente atirou-lhe pelas costas. Foi rápido e intenso. O pai morreu. Solitário, instantaneamente.
Fomos embora e sem saber o que imaginar. Sem ter algo a pensar, algo a concluir. Eduardo e eu tínhamos duas missões: 1. fazer com que nossas esposas retornassem à antiga amizade e acreditassem na história de Madame Sofia; 2. retornar ao mundo real, o mundo de onde surgimos.
Chegamos em casa confusos. Eram muitas coisas para dois simples homens: inveja, crueldade, ganância, amor, tudo entre o ódio e o coração.
___ E agora Eduardo, o que faremos? – foi a única coisa que consegui falar.
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